A Inteligência Artificial, que na verdade é natural, humana e não artificial, como a temos denominado, tornou-se discussão em todos os espaços educacionais, familiares, sociais e governamentais pelo risco do mau uso dela nesses ambientes. Adolescentes e jovens do mundo inteiro têm usado essas tecnologias para produzir conteúdos de todos os tipos, não só na escola, mas em suas vidas, pouco ou nada supervisionadas.
Responsáveis nas famílias e nas escolas se sentem despreparados e desempoderados diante de novos desafios e complexidades tecnológicas que adentram as vidas e os sistemas relacionais humanos que, de alguma forma, tem atrapalhado para além de todos os outros problemas ainda não solucionados, a vida familiar, social e educacional. O uso das inteligências artificiais parece estar forçando, de alguma forma e cada vez mais, os sistemas humanos a se reorganizarem e, analisando os cenários e realidades, modificarem a maneira já estabelecida e rígida de fazer a vida.
Não somente adolescentes e jovens têm utilizado de forma perigosa ou negativa as tecnologias com as IAs, mas é sobre esse segmento que falaremos aqui. Essa etapa do desenvolvimento humano se mostra, por si só desafiadora, inovadora, criativa e cheia de energia e, por isso mesmo as possibilidades se tornam infinitas tanto para o positivo, quanto para o lado negativo. Eles criam, a partir dessa chamada inteligência artificial, novos cenários, pessoas, imagens, vozes e ‘realidades alternativas’ que em certos aspectos parecem mais seguras e menos instáveis e que servem desde ‘zoação’ entre colegas a formas de agredir, controlar, estabelecer hierarquias de poder, discriminar negativamente pessoas e grupos, ampliar seguidores, imitadores, adeptos e até gerar violência digital, psicológica, emocional e física.
Se fôssemos nos deter e estabelecer um rol taxativo de situações proporcionalmente perigosas e negativas da introdução das IAs na vida de todos nós, no desenvolvimento humano e no segmento educacional, faltariam folhas de papel para escrever. Verdade é que nem usamos mais a tecnologia da escrita à mão, não é? Poderíamos citar, se fôssemos por esses caminhos, o uso estudantil das IAs para trapacear em tarefas, plagiar trabalhos e realizar testes escolares. No entanto, e para além desses usos que podemos chamar como ‘mal intencionados’ ou mesmo fraudulentos, não queremos ir por esses labirintos, mas analisar esses novos contextos digitais e virtuais, seus efeitos colaterais e ainda contribuir e considerar as formas mais positivas de uso pedagógico e daí surgirá a pergunta “Tecnologia para quê?”. Ao refletirmos essa questão, a resposta, muito provavelmente, nos guiará ao uso mais assertivo dessas ferramentas e nos desviará de muitos erros e equívocos até então trilhados.
Podemos afirmar que as IAs proporcionam a adolescentes e jovens um mundo onde eles não somente já estão inseridos desde o nascimento e, por isso, usar se torna natural, essencial e meio de ser e estar no mundo, como também serão eles os primeiros a sofrerem as maiores consequências, a serem determinadas ao longo do tempo, advindas disso, sejam elas boas ou más. Por isso nós, adultos, precisaremos (re)pensar sobre o uso dessas ferramentas que estão apenas iniciando e que, a partir da ideia de que aqui estão para resolver os problemas surgidos na e da vida e que foi produzida por mentes humanas e se tornou parte dos nossos cotidianos, poderá fazer toda a diferença.
A pergunta que fica e tentamos responder ao longo do livro ‘A Inteligência Artificial em Espaços Educacionais’: “COMO poderíamos transformar, na educação, esses problemas em oportunidades para que a Inteligência Artificial se torne um recurso, um meio e um apoio engajador para produzir um modelo educacional humanizante? O Livro, como todos os anteriores dos autores, traz possíveis respostas para todas essas questões que falamos acima e que são fundamentadas em estudos, experiências práticas e vivências significativas com professores de todos os níveis, tanto no Brasil, como no exterior.