Quem tem filhos sabe que o desejo mais secreto dos pais, ou de qualquer responsável familiar por uma criança, é ter um manual que dissesse o que é certo fazer e não fazer. Sabemos, no entanto, que todos nossos esforços, conhecimentos e experiências podem não ser suficientes. Alimentar, trocar fraldas, cuidar é pouco e trama contra o nosso conhecimento e o tempo que temos disponível. Há complexidades e necessidades humanas, da espécie, e individuais, de cada pessoa, que não conseguimos suprir de todo, ainda que sejamos os melhores pais do mundo! Não temos todas as informações para isso e, cada um, terá que buscar o que faltou por si próprio na longa ou curta jornada da vida. Em vista de nossa natureza humana podemos dizer acertadamente que somos todos iguais e, ao mesmo tempo, tão diferentes. Por isso, manuais técnicos para pais jamais dariam certo, por mais que o desejássemos.
No entanto, quando se trata de exercermos a docência, de nos colocarmos na posição de mestre, educador, manualizar é possível, mesmo que até certo ponto. O mestre, professor, deve ser alguém que sabe e aprende sempre sobre si próprio, sobre ser humano, como funciona, se motiva, atiça sua curiosidade, se questiona e se relaciona. Saber e conhecer sobre esse ser humano, que sou eu e que são meus alunos, é reconectar com a essência pedagógica. Um professor que trabalha apenas com técnicas, ou aquele que se instrumentaliza somente a partir de suas intuições e percepções, não consegue ter sucesso profissional ou pessoal. Os dois elementos precisam caminhar juntos.
Estudos avançados das ciências e neurociências têm direcionado a educação para um caminho com mais luz, esclarecimentos e descobertas sobre essas essências humanas que vão para o aprender, o ser, o conviver e o fazer. Essas descobertas são, inclusive, falas antigas na área educacional e se comprovam agora e, a partir desses novos conhecimentos, podem ser manualizadas.
A partir disso, nosso livro “Guia do professor: Metodologia Evolutiva” é um referencial para ajudar os professores, de todos os níveis, para que possam desenvolver práticas pedagógicas que incluam, conectem, a educação formal e seus currículos com a vida real, os problemas, curiosidades, experiências e desafios enfrentados pelos estudantes. O guia é resultado de mais de 40 anos de pesquisa, de práticas de inúmeros professores e, mais recentemente, a metodologia proposta aqui, foi exercitada e testada por um grupo de autores que construiu o inovador Sistema de Aprendizagem SINERGE para o ensino médio.
No início do guia apresentamos algumas problematizações que têm nos acompanhado ao longo da caminhada como educadores, gestores, formadores e professores. São situações, na maioria das vezes, presentes nos cotidianos das escolas e universidades e que precisam ser superadas, mas que, por falta de conhecimento, convivemos com elas, desconsiderando-as ou simplesmente ocultando-as das práticas pedagógicas diárias. Iniciando a parte 1 do guia apresentamos as concepções e os referenciais que sustentam a prática pedagógica inovadora que reintegra a escola no contexto da vida real proporcionando sentindo ao aprende e respondendo as históricas aflições dos estudantes:
“Professor, por que devo aprender isso? Aonde vou usar isso?”
Nessas concepções e referenciais, que não vão para o lado utilitarista capitalista do aprender, mas ao encontro do desejo humano de tornar sua vida significativa, útil e com verdadeiro propósito, destacamos a Metodologia Evolutiva que, embasada nos estudos de décadas de cientistas de diversas áreas (psicólogos cognitivos, neurocientistas e hoje físicos e biólogos, entre outros), contribuirá para compreendermos como o ser humano se motiva e aprende. A Metodologia Evolutiva, que apresentamos em um passo-a-passo, didaticamente, além de trazer grande contribuição para professores e estudantes no contexto contemporâneo aonde necessitam continuamente aprender a aprender, exercitando a mente em contínua evolução resgata, na instituição educacional, o modo natural como todo o ser humano aprende na vida, desde a infância em família. Além disso, por meio dela o professor resgata a sua autoria, sua maestria e sua posição de quem todas as profissões por ele passam! Por sua vez, seguindo o funcionamento natural da mente humana, vamos novamente apresentar os espaços educacionais como espaços de educação, de desenvolvimento dos potenciais humanos, em um contínuo exercício de saber viver bem.
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