Na educação como um todo, neste caso no ensino superior, vive-se um grande dilema diante da contemporaneidade, pois a faculdade do século XIX ainda, em grande parte, está plantada na faculdade do século XXI. Continuamos muito presos ao paradigma do “É”, aonde as coisas eram vistas de forma acabada, verdades únicas e plenas. No entanto, há mais de 100 anos estamos, cada vez mais, vivendo no paradigma do “ESTÁ” aonde tudo é questionado, reconstruído, recompreendido, seguindo-se, em todas as dimensões da vida, descobertas céleres nunca antes vistas na história da humanidade. Assim, a concepção educacional ainda vigente, em grande parte das instituições, centrada na repetição de verdades existentes e, muitas delas, já ultrapassadas, está fadada à extinção.
É histórico, no contexto educacional, de que as escolas e as faculdades se tornaram ilhas isoladas da realidade, como se ali, de forma distante da realidade vivida pelos estudantes, se tivesse um mundo de um planeta à parte. Assim, é comum constatar no contexto que os profissionais egressos das faculdades trazem um potencial de arquivos mentais teóricos que aprenderam a repetir, mas desconectados da realidade. No entanto, os cientistas com seu viver e pensar livre, fora desta redoma que aprisiona mentes, avançaram e foram explorando e descobrindo na matéria e nas forças da mãe natureza possibilidades, cada vez mais, significativas.
Isso provocou um distanciamento, cada vez maior, entre o que se aprende nas instituições formais de educação e as necessidades e desejos que ocorrem em uma sociedade que tem, de forma célere, à sua disposição possibilidades inovadoras que surgem, a cada momento, em todos os cantos da terra. A duplicação do conhecimento que antes levava séculos, depois décadas, hoje leva dias. Assim surge, por exemplo, a Inteligência Artificial, criada por mentes humanas que têm a sua disposição tecnologia, cada vez mais sofisticada, à qual os acadêmicos recorrem facilmente para apresentar produções do mais alto nível, mas que não foram produzidas por eles.
Desta forma, o modelo educacional de repetição ainda adotado em larga escala pelas instituições educacionais aonde se repetem conhecimentos e informações, é facilmente substituído pela Inteligência Artificial.
Portanto, o atual modelo de sistema de ensino superior está em xeque. Se não houver uma profunda transformação estará fadado ao fracasso total.
Urge voltar às origens e reconectar o ensino superior com o ser humano e com o cosmos. Precisamos nos debruçar em conhecer como o ser humano funciona e como a mente aprende e se motiva e adotar metodologia que respeite a mente humana. Por sua vez, precisamos reconectar as instituições educacionais com o cosmos no qual se centram as necessidades e desejos humanos de querer saber por que as coisas são como são. É na matéria, nas forças da natureza que encontramos o sentido de ser da busca da aprendizagem. Foi dali que historicamente emergiram os referenciais teóricos para atender as necessidades e desejos humanos. Portanto, com propósito, precisamos mapear essa realidade. Conectá-la com os referenciais teóricos dos cursos/disciplinas. Com planejamento transdisciplinar e com metodologia humana (evolutiva) provocar ao máximo o desenvolvimento e a capacitação do aprender a aprender dos acadêmicos, para que diante de um cenário que muda diariamente, estes tenham mente preparada para atuar profissionalmente e possam bem viver.
Nas faculdades aonde atuamos como diretor e professor durante 15 anos. No IEL em São José dos Pinhais/PR e na Faculdade Dom Orione em Araguaína/TO, entre outros.