Estava hoje lendo um texto bem interessante sobre confecção de saias e o uso da matemática (deixo disponível ao final) e me deparo com uma frase muito conhecida de todos nós, novos ou idosos: “vá estudar”. Fiquei pensando e lembrando minha mãe dizendo isso. Para a geração anterior à nossa o ‘estudo’ era a forma de sair do trabalho braçal, da roça, da costura, enfim, de uma condição de menos valia para outra, mais intelectualizada, que garantiria uma vida melhor em termos de salários, valorização profissional e até menos fadiga mesmo.
No entanto, analisando mais a fundo essa questão, me ocorreu que não é de hoje que a escola e a vida estão separadas. Essa fala: ‘vá estudar’, demonstra essa separação, ou se estuda, ou se vive, se trabalha… Isso nos traz à reflexão já feita tantas vezes nessa coluna: Pode a escola e a vida estarem separadas? Qual a finalidade da escola? Em que serve (ou deveria servir) à sociedade? Quando ocorre essa fragmentação (e ocorre da educação infantil à pós-graduação) o desequilíbrio e distanciamento entre os fins da escola e a própria vida ficam evidentes.
A vida pede soluções urgentes e emergentes. Observar, solucionar, inovar e criar, por exemplo, são habilidades que devem ser desenvolvidas e promovidas na escola. Mas raramente são. Apesar do ser humano nascer com desejos e necessidades prementes que o levam à busca de solução dos seus problemas, o desenvolvimento de habilidades, cada vez mais complexas, é essencial para um viver pleno e feliz. Não diferencio aqui trabalho braçal, de intelectual, até por que, cada vez mais, o colono na roça e a costureira da esquina precisam mais que uma enxada ou uma máquina de costura. Seus problemas vão do orçamento à compra de insumos, de marketing a posicionamento nas redes sociais. ‘Vá estudar”, progressivamente, precisa vir ao encontro das necessidades humanas, caso contrário, a escola ficará, cada vez mais, sem sentido e sem vida.Para saber mais sobre saias e matemática leia: “Estudantes do ensino básico aprendem matemática e estatística confeccionando saias. Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/estudantes-do-ensino-basico-aprendem-matematica-e-estatistica-confeccionando-saias/?fbclid=IwAR3CtB3BgMs1kc1WdV8HZtCrLwTogqoOUBmSt_05FDOfFWdBeYG2qS1M-WU. Acesso em 28/04/22.



