Os certificados e seus subterfúgios!

No Brasil, em especial na área da educação, é muito comum, desde o Ministério da Educação, termos a preocupação de relacionar qualidade com a quantidade, ou nível de certificados, seja de graduação, lato ou stricto sensu. Por outro lado, e isso se espalhou pelo Brasil, percebemos incisivamente a preocupação dos profissionais da educação em participar de cursos, palestras, seminários por que necessitam de certificado para acender a um novo nível dentro das instituições, ou atender as prerrogativas de um plano de carreira e, assim, obter recompensas financeiras. 

Triste realidade! Nem o MEC e nem a grande maioria das Instituições Educacionais de todos os níveis, públicas ou privadas, tem a preocupação em acompanhar e avaliar o avanço da competência que o profissional adquiriu durante determinada formação e, o que é mais importante, o que está entregando de forma mais qualificada após essa formação:  que inovações trouxe?; que mudança de capacidades estamos observando?; como estavam as suas avaliações institucionais antes e depois da formação?, etc.

O que vemos normalmente é a preocupação do MEC em identificar se a faculdade atingiu o número de mestres e doutores pré-definidos. Nas instituições públicas e privadas, em geral, para atender o planos de carreira, em sua grande maioria, basta apresentar os certificados (carga horária…) que naturalmente o profissional consegue acender em sua busca de melhorar financeiramente.

Não somos avessos às formações. Pelo contrário, somos incentivadores das mesmas. Não nos entendam mal. No entanto, o acúmulo de certificados, por si só, não garante avanços na qualidade da formação. Precisamos ter critérios, planejamento e acompanhamento antes de conceder promoções, para que as entregas se justifiquem. Pela nossa experiência de mais de 40 anos na educação, apenas eventos, principalmente aqueles com carga horária limitada (palestras, seminários…) pouco, ou nada acrescentam. O que trouxe transformação, durante 24 anos seguidos, foram as formações continuadas que implantamos junto com os professores dentro das escolas e das faculdades, aonde os grupos de professores identificam problemas, estudam os mesmos, levam as reflexões à prática, escrevem artigos sobre as inovações, socializam e publicam. Isso não tem custo financeiro e traz transformação.

Portanto, ter diplomas, ou quantidades de certificados não garantem a qualidade. Precisamos mostrar na prática as inovações que somos capazes de gerar com a formação adquirida. Claro que temos muitos motivos que contribuem para que o Brasil esteja na posição caótica na educação em relação aos cenários internacionais. No entanto, se não repensarmos os atuais modelos de qualidade apenas centrados em quantidade de certificados, ou em algumas avaliações internas altamente questionáveis, dificilmente vamos mudar a realidade educacional do país.