O vazio existencial da escola e da faculdade: longe da vida real

Fazem mais de 30 anos que acompanhamos a formação e a prática dos professores. Nos últimos 04 anos, em especial, dedicamo-nos a ajudar os professores a promover aprendizagens significativas com os estudantes. Os neurocientistas, em especial, apontam o caminho: começa a aula com um problema que provoca; depois introduz os referenciais teóricos para que os estudantes possam analisar, refletir e compreender o problema; no final, dê problemas similares e peça que os estudantes os solucionem utilizando os referenciais teóricos. Simples assim! 

No entanto, na hora da prática, tudo se complica. Os professores ficam perdidos. Claro que existem aqui problemas complexos que precisam ser superados, tais como não saber aonde se quer chegar, não saber o que é referencial teórico, não conhecer o sentido de ser das teorias, não saber problematizar, não saber o que é metodologia, entre outros. Mas estamos aqui nos referindo ao básico: não conseguir olhar para fora da escola e identificar problemas significativos vividos pelos estudantes. A escola, a formação e a prática dos professores historicamente ficaram tão distantes da realidade. Embora vivam diariamente fora da escola, os professores não conseguem trazer essa vida que palpita no entorno dos estudantes para ser refletida na escola. Parece que no momento em que o professor pisa na escola, e na faculdade não é diferente, ocorre um fenômeno inexplicável. A vida fica lá fora e o professor se perde totalmente na sua lista de conteúdos, na sua apostila, nas suas burocracias e esquece que sem a presença da vida vivida pelos estudantes não há aprendizagem, a escola e a faculdade perdem totalmente o seu sentido de ser. É um paradoxo incompreensível! 

Essa cultura secular está tão enraizada nas formações dos professores e em suas práticas, provocando uma cegueira que retirou deles a capacidade de pensar e os transformou em meros atores que, na maioria das vezes, não sabem o que estão fazendo e muito menos por que estão fazendo aquilo que fazem. Aí vem os documentos oficiais, as apostilas requentadas que apenas confundem mais os professores.

Precisamos urgente, no mínimo, diminuir os discursos de uma educação ideal e reunir esforços para ajudar os professores a saírem da sua angústia e confusão mental na qual a cultura, as formações, os sistemas os jogaram e eles estão ali abandonados. Precisamos recuperar o sentido de ser da escola e da faculdade e essa recuperação passa pela presença da vida real na aprendizagem que precisa ser significativa para os professores e estudantes!