Em nossas andanças na educação, sempre com os olhos abertos em observar a realidade e ler autores das mais diversas vertentes para compreender os problemas percebidos nas escolas e faculdades, fomos filtrando referenciais que provocavam sentido em nós, nos colegas professores e, principalmente, nos estudantes. Dentre esses referenciais que nos ajudaram muito nestes anos todos, temos um que é muito impactante e significativo. Em 1989, Castoriadis escreveu: “Na educação, dois princípios devem ser firmemente defendidos: todo processo de educação que não visa a desenvolver ao máximo a atividade própria do aluno, é mau; todo sistema educativo incapaz de fornecer uma resposta racional à pergunta dos alunos – por que deveríamos aprender isso? – é defeituoso”. (CASTORIADIS, Cornélius. O mundo fragmentado – as encruzilhadas do labirinto/3. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989)
Mesmo sendo escrito em 1989, há mais de 30 anos atrás, constatamos que, na prática, a educação atual, não só no Brasil, continua má e defeituosa. Temos provocado e ajudado diretores de escolas e faculdades, professores de todos os níveis, nestes últimos anos. Temos acompanhado no contexto, principalmente brasileiro, os grandes eventos nos quais se discute a educação. No entanto, como nós acreditamos muito mais no “mão na massa” do que nos grandes e rebuscados discursos e discussões, constatamos que na hora de praticar essas duas máximas de Castoriadis, ou seja, o protagonismo do estudante e por que deveríamos aprender isso, vemos que as escolas, faculdades e, principalmente os professores, estão cada vez mais perdidos. Temos uma ou outra iniciativa inovadora, graças à disrupção provocada por educadores cansados e revoltados com esse modelo altamente desumanizante praticado na educação. No entanto, a grande maioria dos grandes sistemas educacionais, dos mantenedores públicos e privados, dos grandes grupos que Brasil afora promovem eventos educacionais teóricos desconectados da realidade do “chão da escola e da faculdade”, cada um com seus interesses, continuam trilhando o caminho na contramão das reais necessidades que os estudantes e os professores têm nas escolas e faculdades.
Para finalizar, uma reflexão e uma provocação:
Reflexão: No campo do “o que fazer” temos fartos referenciais. Como brasileiros, somos experts “em diagnosticar” os problemas e discursar sobre as soluções. No entanto, falta “atitude”.Provocação: Quem quer, assim como nós, ajudar os diretores e professores, não em grande quantidade (100…200 mil pessoas), mas por escola, por município, iniciar a grande transformação? Quem quer ajudar a promover uma escola, um município a tornar-se referência.



