Curiosidade humana e vida na escola

Faz muito que deixei de ser curiosa. Faz outro tanto que voltei a ser novamente!

Lembro de minha mãe dizendo: curiooosaaa! Ou ainda: Em tom de recriminação, deixa de ser curiosa menina!  É verdade que a curiosidade na família e na escola têm facetas semelhantes e não é fácil conviver com uma criança curiosa. Ela questiona sempre, as respostas nunca satisfazem, analisa e investiga tudo, faz deduções, testes e observações, parece que quer descobrir tudo, se intromete onde não é chamada e bisbilhota, entre outros sinônimos que você deve estar lembrando. Gostaria de trazer hoje a análise sobre como é recebida a curiosidade na escola, se ela poderia contribuir com a mudança de rumos na educação e qual papel ela tem e poderia ter no desenvolvimento humano.

Desde que o mundo é mundo esse impulso humano é avaliado. Para Aristóteles, era fundamental e inclusive era o caminho para o despertar. Para muitos religiosos, um caminho perigoso que poderia levar à morte: lembra que “deu ruim” a curiosidade de Eva, com relação à maçã? Para o início da Renascença foi o impulso que levou ao desenvolvimento da ciência, mas, e na escola, qual importância tem esse desejo humano incontrolável por descobrir coisas que ainda não sabemos ou conhecemos?

No mundo escolar, crianças pequenas curiosas são toleradas, afinal, estão conhecendo e descobrindo o mundo em que vivem. É preciso aceitar e suportar. Já, a partir do ensino fundamental até ao médio, a curiosidade humana está diametralmente contrária ao modelo didático e pedagógico. Afinal, não há tempo para o aluno falar, pensar, observar, perguntar ou bisbilhotar sobre o assunto trazido na aula. Sabe por quê? Por que se tiver alguém falando, o professor precisará de outro, que esteja ouvindo, o aluno. A curiosidade não funciona assim, ela precisa da fala, da pergunta, da exposição, da dúvida, da investigação e do teste do curioso. O sujeito ativo aqui não é o professor, mas o estudante, que sente dentro dele a pulsão de vida.  O que você pensa: As escolas hoje promovem ou podam a curiosidade? Uma escola promotora da curiosidade seria possível? Seria melhor?