O tema “desenvolver competências” está cada vez mais em voga, mundialmente, no meio educacional. Entre essas competências necessárias para as pessoas nestes novos tempos destacam-se, por exemplo, a capacidade de pensar de forma científica, crítica e criativa; ser capaz de resolver problemas complexos; ser capaz de conhecer-se a si mesmo, aos outros e organizar a sua vida com segurança, entre tantas outras competências que a vida contemporânea está a exigir. No momento em que no campo educacional, em todos os níveis, buscam-se formas didáticas para desenvolver essas competências nos estudantes e habilitá-los a viver nestes novos cenários, uma preocupação maior nos invade: tudo bem, orientamos para que sejam pessoas críticas, criativas, capazes de resolver problemas, se autoconhecendo, entre outras competências; no entanto, tendo essas capacidades, esses jovens serão capazes de criar, de resolver problemas, de usar o seu autoconhecimento para construir um mundo melhor para eles e para os outros? Será que serão capazes de mudar a cultura instalada na sociedade na qual está consolidado o individualismo, o egoísmo, aonde ser feliz significa para a grande maioria acumular riquezas sem limites, aonde o ser foi vencido pelo ter, tornando a sociedade cada vez mais desumana?
De acordo com a nossa reflexão, a tônica educacional deveria ser a condição de poder mudar e transformar, quando se busca reformular o modelo educacional na contemporaneidade. Precisamos sim desenvolver essas competências que resgatam a essência do ser humano em querer saber por que as coisas são como são e de investigar de forma curiosa e criativa. No entanto, corremos o grande risco de agora “criar monstros” que têm mentes desenvolvidas para investigar e para criar mais meios que levem à desumanização. Formar pessoas que tenham a capacidade de resolver seus problemas que, por exemplo, estão limitando-as em conseguir acumular mais riquezas e aumentando, assim, a legião de pobreza, de destruição da vida. Formar pessoas que usem o seu autoconhecimento para encontrar melhores formas de corromper e investigar formas de explorar os outros.
Portanto, ao repensar a educação, precisamos ter a responsabilidade de humanizar a educação para que ela desenvolva pessoas competentes para viver e conviver como seres humanos em um mundo tão fragilizado.



