Tenho trabalhado em vários municípios no Paraná com educadores da educação infantil. Não é desvantagem desse estado, mas por andei Brasil afora encontrei a mesma realidade: quando há professores titulados nas salas de aulas de berçários e maternais são poucos, com especialização na área, menos ainda. Isso nos remete a uma realidade frágil onde, nas escolinhas infantis, os bebês e crianças pequenas até os cinco anos de idade estão em mãos, mesmo carinhosas e atentas, de tias. No Brasil se acredita que para cuidar de criança pequena não precisa de formação especializada já, os países que estão no topo do ranking em educação, não pensam dessa forma e vão em direção contrária.
Por que chamamos de tias? Porque entregam tudo que sabem para cuidar dos pequenos, mas não têm, ou tem pouco, conhecimento teórico do porque estão fazendo o que estão fazendo, como a mente das crianças se desenvolve, que práticas, metodologias e avaliações são necessárias para desenvolver o potencial de cada criança. Resultado dessa realidade? Seríssimas dificuldades de aprendizagem, de alfabetização e letramento ao longo dos anos iniciais.
Por que será que um país com mais de 18 milhões de crianças entre zero e cinco anos de idade segundo informações do IBGE, não dá a devida atenção, cuidado e educação para o futuro desta nação? Certamente faço também a reflexão sobre que título diz pouco sobre a capacidade de um profissional, de outro lado, não ter o conhecimento necessário pode ser ainda mais traumatizante. As crianças precisam desenvolver habilidades para o hoje e o futuro que cada dia é mais incerto, inseguro e desafiante.
Bebês e crianças pequenas precisam ser estimulados a observarem e a identificarem o mundo, a analisarem, refletirem, investigarem, imaginarem, a criarem, a resolverem desafios e conflitos, a se cuidarem e a cuidarem o outro, e ainda a tantas outras coisas essenciais para a o bem viver e se desenvolver. Nesse sentido, preparar professores para a educação infantil, capacitá-lo para os desafios da docência nessa etapa da vida parece ser uma coisa óbvia, mas que ainda estamos engatinhando, como em tantas outras coisas. Apesar da realidade, somos esperançosos e acreditamos que de semente em semente uma nova sala de aula vai sendo reconstruída. É o nosso sonho!