Mitos e crendices na educação brasileira III

Preciso me preparar para o vestibular

A educação no Brasil sofre de várias doenças, algumas crônicas, outras agudas. Pensa-se mais no evento que na circunstância que provocou o evento, mais no que preciso decorar para a prova em vez do que tenho que aprender para a vida. Explicarei melhor: Quando se chega no Ensino Médio o foco é preparar para o vestibular, mais que desenvolver habilidades para resolver problemas, inovar ou pensar para depois do vestibular…Quer outro exemplo? Muitas pessoas passam dias ou anos estudando, leia-se, memorizando palavras, nomes ou datas para passar em um concurso ou um vestibular, que no dia seguinte já não existe mais.  

Pensando no paradoxo acima trazemos hoje o terceiro mito, que se refere à cultura do uso maciço da “decoreba” na escola para eventos e, não, para a vida.  Usamos pouco no Brasil o potencial transformador da educação e nos apegamos demais a momentos e situações menos importantes, esquecendo que a vida bate lá fora cada vez com maiores desafios. Pode-se preparar para o vestibular, mas deve-se usar a educação para preparar para a vida e o viver melhor planetário. Prova com dez, entrar no ensino superior ou no serviço público não é garantia de sucesso. Logicamente, esses eventos são de grande importância em um ou outro momento da vida e não estão na nossa pauta de juízo. 

Já ouvimos a analogia que na escola preparamos para o dia do casamento, mas não para o casamento. Sabemos que esse evento não basta para superar as dificuldades da vida de casados e que é no dia-a-dia que a relação precisa ser construída.     Da mesma forma, se prepararmos os estudantes para os desafios da vida, mais que para tirar dez em uma prova ou entrar no ensino superior então a escola fez realmente sua parte para a transformação da sociedade e a prova e o vestibular serão um sucesso e fará sentido. No entanto, hoje, esse mito, impede de fazer da educação formal o salto para uma vida genuína.